3. As crianças precisam de aceitação

Muito frequentemente os pais transmitem a ideia de que o filho é aceite quando tem êxito, mas não quando falha. Não digo que façam isto de forma propositada, mas porque é muito mais fácil acusarmos e apontarmos os pontos negativos, do que elogiarmos. A aceitação estabelece uma base sólida para o crescimento e a autoconfiança. Depreciar uma criança – ou aceitá-la algumas vezes e outras não – faz com que ela se considere com uma mistura de respeito e desprezo. A criança que não se sente aceite pelos pais torna-se vulnerável à pressão destrutiva dos grupos, pois ela luta pela aceitação por parte de outros. A maneira como a criança é aceite nos primeiros anos determina em grande parte a estima que tem de si mesma e dos outros quando chega à idade adulta. Os pais são uma espécie de espelho em que as crianças se veem, influenciando a sua perceção de si mesmas e do tipo de pessoas que são. Elas absorvem o clima emocional do lar, sentindo desde cedo se está cercado de cuidados e amor ou de egoísmo e tensão.

Por que as crianças sentem falta de aceitação?

  1. As críticas constantes à criança criam sentimentos de fracasso, rejeição e desajuste.
  2. Comparar a criança com outra transmite falta de aceitação. Não existem duas crianças iguais, e comparar uma com a outra é uma grande injustiça. Temos que entender que: “cada um de nós é inferior em algumas coisas em relação a outras pessoas. Por outro lado, cada um de nós possui alguns pontos positivos, algumas coisas em que sobressaímos. Devemos concentrar-nos nisso”.
  3. Esperar que a criança realize os sonhos que os pais não puderam realizar faz com que ela sinta que não é aceite. Muitos pais, sem pensar, desejam que o filho realize as obras que eles não conseguiram realizar. A imposição de tais expetativas sobre a criança faz com que ela não se sinta aceite.
  4. A superproteção de uma criança no geral contribui para o seu sentimento de não aceitação. Alguns pais são como aquela mãe que disse: “Filho, não quero que entres na água até que tenhas aprendido a nadar”. Ora, como vai aprender? Os pais devem, evidentemente, tentar proteger o seu filho do perigo. No entanto, a superproteção pode trazer um espírito de temor às crianças em vez de fé.
  5. Esperar demais do filho pode criar sentimentos de não aceitação. Aceitação significa respeitar os sentimentos e a personalidade do filho, embora mostrando-lhe que o comportamento negativo é inaceitável. Aceitação significa que os pais gostam sempre da criança, sem levar em conta os seus atos ou ideias.

 

Como promover este sentimento de aceitação?

  1. Reconheça o filho como único. Todas as crianças são diferentes por isso não os podemos tratar da mesma maneira. Às vezes os pais dizem: “trato todos os meus filhos de forma igual”; mas as crianças são diferentes, logo não os podemos tratar de igual maneira. É preciso reconhecer as diferentes habilidades, evitar a comparação entre os filhos e tratar cada filho como único.
  2. Ajude a criança a descobrir a satisfação das suas realizações. É mais saudável ficarmos ao lado da criança, incentivando-a, protegendo-a, do que a impedir de realizar certas tarefas.
  3. Deixe que a criança saiba que você a ama, a deseja e realmente a aprecia. Uma criança é um dom de Deus, uma herança do Senhor. Uma das coisas mais devastadoras para uma criança é sentir que o seu nascimento foi um acidente, o resultado de uma gravidez indesejada, um casamento forçado, ou que ela está a impedir a felicidade dos seus pais, que estão juntos por causa dela ou sendo um peso financeiro. Como a criança sabe que é amada e desejada? Quando os pais reservam tempo para estar com ela, para ajudá-la nos seus pequenos projetos e quando se aproveitam de toda a oportunidade para demonstrar-lhe amor.
  4. Mantenha um relacionamento sincero e genuíno com a criança. Quando somos suficientemente sinceros para confessar as nossas falhas e que não somos perfeitos como pais, aliviamos grande parte da tensão e damos esperança aos nossos filhos. Se os pais admitissem mais facilmente os seus erros e até rissem deles, a atmosfera de muitos lares melhoraria bastante (é necessário capacidade e coragem para os pais pedirem desculpa aos filhos).
  5. Ouça o que o seu filho diz. Ouvir é realmente uma das melhores maneiras de dizer “aceito-te”. Um dos aspetos mais importantes da comunicação é o olhar. É triste quando a criança fala connosco e não olhamos diretamente nos seus olhos. As crianças sentem-se aceites quando os pais reservam tempo para ouvi-la. O amor, para ela, geralmente é expresso em tempo.
  6. Trate os seus filhos como uma pessoa de valor. As crianças merecem ser respeitadas como pessoas. Às vezes, os pais têm dificuldade em dizer “por favor”, “obrigada”, e depois querem que os seus filhos o façam. Mas eles vão repetir o que veem e a forma como são tratados. A maneira de ensinar respeito aos filhos, é respeitando-os. Note que se você habitualmente chamar o seu filho de “pestinha”, “rebelde”, “diabinho”, é o que ele vai ser, porque é a forma como você o trata. Se espera que o seu filho lhe proporcione felicidade e ajuda, e é dessa forma que o trata, vai encontrar uma criança que, embora falhe algumas vezes, procurará corresponder às expetativas dos pais.
  7. Permita que o seu filho cresça e se desenvolva ao seu modo único e próprio. Cada criança é única e devemos conhecê-la, motivá-la e potencializá-la para aquilo que ela está desenhada para ser. Quando os pais não têm ideias concretas do que querem que eles façam e sejam, percebem mais facilmente os interesses e as qualidades singulares de cada um e fazem-nos desenvolver mais depressa. Nós, como pais, devemos ser os primeiros a ver e a impulsionar os nossos filhos no alcance e cumprimento do seu propósito.

Há tanto para apreciar numa criança. A hora de apreciar a aceitar uma criança é durante o dia nas atividades normais dela e não depois de tê-la colocado na cama ou depois que cresceu e foi embora.

 

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