Inspirado no livro “Sete Necessidades Básicas das Crianças”
de John Drescher
1. As crianças precisam de um sentido de significado
Deuteronómio 6:5-7
“Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar.”
Um sentimento saudável de valor pessoal é básico. Todos precisamos de sentir que somos importantes, que a nossa vida tem significado e é impossível viver se sentirmos que não temos valor ou se não gostarmos de nós mesmos. O grande mal dos sentimentos de inferioridade começa muito cedo na vida. Os seres humanos necessitam de ser notados, apreciados e amados como são.
Exemplo:
“Certo dia, um grupo de crianças foi conhecer uma leitaria. No final da visita, o professor perguntou:
– Alguém quer fazer perguntas?
Uma mãozinha levantou-se:
– O professor viu a minha camisa nova?”
A criança sempre procura atenção. Se não for notada quando expressa o comportamento certo, ela vai procurar fazer algo, nem que seja derramar o leite na mesa, mandar coisas para o chão ou agir de forma destrutiva. Alguém uma vez disse: “umas palmadas são preferíveis à indiferença”.
Por exemplo: quando se sente ignorada, a criança pode não comer adequadamente, pode gritar ou berrar em lugares determinados, pode ter ataques de raiva ou estragar brinquedos, só para chamar a atenção. Se este “ignorar” não for sanado desde criança, estas crianças são as que, mais tarde, se tornarão nos jovens que conduzem a alta velocidade e deixam marcas na estrada, chamam a atenção pelas suas roupas ou modos de falar, bem como de inúmeras outras maneiras. Enquanto adultos, procuram dominar a conversa, vestir-se de forma chamativa, exigir cargos de liderança, merecidos ou não.
Como é que essa necessidade básica – o sentido de significado – pode ser satisfeita na vida de uma criança? Vamos ver 3 suposições que muitas vezes fazemos, mas são falsas:
- A primeira suposição falsa é a de que o relacionamento pai-filho tem prioridade sobre o relacionamento marido-mulher – o casamento começa com duas pessoas e são essas mesmas que sustentam o lar e a família. É errado pensarmos que não temos que investir neste relacionamento. Pais felizes são crianças felizes.
- A segunda suposição falsa é a de que a criança tem o direito de ser o centro das atenções – com medo de dizer “não”, não diga demasiados “sins” que podem tornar-se desastrosos na vida das crianças.
- A terceira suposição falsa é a de que a criança deve ser empurrada o mais rapidamente possível para o desempenho de papéis mais amadurecidos – Temos uma dificuldade terrível em permitir que as crianças sejam crianças. E porquê? Porque muitos pais querem realizar-se através dos filhos. Querem que os filhos experimentem e obtenham coisas que lhes foram negadas a eles. Os filhos tornam-se uma projeção do seu ego. Mas ao forçá-los a desempenhos prematuros, eles geram sentimentos de frustração e incompetência.
As quatro áreas principais em que se espera que os filhos excedam são a beleza, a inteligência, o desporto e os bens materiais. A criança constantemente pressionada para igualar-se ser superior ou exceder nessas coisas, em lugar de ser ela mesma, sofrerá por isso. Os sentimentos de inferioridade, que surgem devido ao grande esforço para alcançar a superioridade, desenvolvem-se rapidamente.
FORÇAS DESTRUTIVAS – O PODER E INFLUÊNCIA DAS NOSSAS PALAVRAS
“Ferir o autorrespeito de uma criança pequena ignorando-a ou fazendo-a pensar que não é amada, é pior do que bater nela e deixar cicatrizes indestrutíveis”.
Quando um pai diz a um filho, repetidamente, “não sei o que vai acontecer contigo. Acho que nunca ninguém te vai dar emprego. Nunca serás nada na vida”, a criança começará a acreditar nisso. Depois de acreditar, é num instante que chega à frustração de, realmente, não conseguir fazer nada, pois já tem essa informação imprimida dentro de si. Da mesma forma, o ridículo, o sarcasmo, o gozo, a vergonha e o desprezo pela criança produzem sentimentos de inferioridade que devem ser evitados.
No fundo, tudo o que fazemos tem o seu efeito na vida da criança, não devemos menosprezar as nossas atitudes e considerá-las “inocentes”, quando isso pode influenciar todo o futuro deles.
COMO CONSTRUIR UM SENTIDO DE SIGNIFICADO?
- A sua atitude como pai em relação a si mesmo é básica e afetará o seu filho. Se como pais temos um sentido de dignidade e valor, transmitirá isso ao seu filho.
- Deixe que o seu filho ajude em casa. Crescer é ser necessário.
- Apresente o seu filho a outros. Não se esqueça que o nome é muitíssimo importante para a criança. Quando um pai ou mãe apresentam o seu filho a outros, pode ser que fiquem envergonhados, mas dá-lhes um sentido de importância e relevância na família.
- Deixe que as crianças falem por si. Muitas vezes, humilhamos as crianças falando por elas. Se a pergunta foi feita a elas, deixe que respondem.
- Dê à criança o privilégio da escolha e respeite as suas opiniões sempre que possível. A personalidade desenvolve-se à medida que se tomam decisões. As crianças devem ter oportunidade para escolher, aprendendo a viver com os resultados das suas decisões. Certos assuntos exigem a decisão dos pais, como é natural. Mas diversas escolhas não têm nenhum significado moral ou eterno. Quando permitimos que a criança faça a escolha, nós damos-lhe um sentido de significado.
- Passe tempo com o seu filho. Nós transmitimos aos filhos um senso de autorrespeito quando reservamos tempo para ouvir as suas preocupações, quando pomos de lado o telemóvel para lhe dar atenção, quando olhamos nos seus olhos quando fala connosco.
Exemplo:
“Um menino aproximou-se do pai que lia o jornal. Ele tentou mostrar-lhe um pequeno arranhão que fizera na mão. Aborrecido com a interrupção, o pai, ainda a olhar para o jornal, respondeu:
– Não posso fazer nada por causa disso, posso?
O pequeno respondeu:
– Podes sim, pai, podes dizer: Oh, coitadinho!”
- Encoraje o sentimento de dignidade e importância, ao confiar, de vez em quando, ao seu filho coisas que lhe causem surpresa. As crianças ficam mais responsáveis e desempenham-se melhor quando mostramos que confiamos nelas.
Promover este sentido de significado nas crianças, desde cedo, levará a que se tornem adultos efetivos, sarados e focados. E, sem dúvida, quando investimos nas nossas crianças de uma forma saudável e correta, podemos ter a certeza que elas farão a diferença no amanhã, numa sociedade que se constrói com a nossa intervenção e se desintegra quando perdemos este foco.
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Deus abençoe!